sábado, 31 de dezembro de 2011

Iconografia do Tempo - 2012 em agenda


Uma boa ideia da TSF: o ano de 2012 em agenda, no mostrador de um relógio.

Há 15 anos... publicidade Bulova

Publicidade Bulova, pela António Moura Lda, revista Internacional Horas & Relógios, Dezembro de 1996

Memória - O cérebro e o tempo - III


O cérebro e o tempo III*

As experiências no campo da actividade cerebral têm demonstrado que a detecção de sincronismo cronológico e a percepção de sequências de impressões sensoriais são coisas completamente diferentes. Os humanos podem percepcionar dois clicks que ocorram com um intervalo de 20 milissegundos como não sincrónicos; no entanto, não serão capazes de dizer qual dos dois sons diferentes ocorreu primeiro. Para isso, o estímulo precisa de estar separado por pelo menos 40 milissegundos.

Continua a não ser claro quantas partes do cérebro estão envolvidas na criação do nosso sentimento de tempo ou aquilo que exactamente fazem. Uma das áreas mais activas da pesquisa centrou-se na identificação de regiões que afectam o cálculo do tempo. “Estudos de pacientes com danos cerebrais, por exemplo, revelaram que se o cerebelo é parcialmente afectado em resultado de um acidente ou de um avc, o doente experimenta tipicamente grande dificuldade em executar tarefas motoras delicadas – mas também na capacidade de identificar intervalos com alguns segundos de duração”, faz notar Pascal Wallisch, o psicólogo cujo artigo no Scientific American temos vindo a citar. “Se a lesão neurológica envolve o lobo frontal, uma pessoa poderá dizer que um som que dura vários segundos não foi mais do que um click”.

Parece que a nossa mente não depende de um único relógio colocado no cérebro – potencialmente, inúmeros módulos neuronais poderão contribuir para a nossa percepção de tempo. “A nossa rica noção de tempo é ilustrada pela qualidade da ordem temporal – a nossa mente determina a ordem dos acontecimentos”, diz Wallisch. Além disso, como demonstram os testes psicológicos, os efeitos de memória e atenção podem facilmente distorcer a nossa percepção do tempo.

Até agora, foram encontradas três regiões do cérebro, com três “relógios” diferentes. O núcleo supraquiasmático trabalha com um relógio de longa duração aproximadamente de 24 horas, emitindo sinais ritmados que ajudam a regular o ciclo de sono-vigília; O lobo parietal trabalha com escalas moderadas de tempo – ajudando-nos a percepcionar o tempo que falta, algo como uma ampulheta de cozinha; o cerebelo estará envolvido no processamento de tempo muito preciso, e a uma escala muito curta, funcionando como um cronógrafo, ajudando-nos a coordenar com grande precisão as nossas acções motoras.

*Terceira e última de uma série de crónicas, A Máquina do Tempo, dedicadas a este tema, começadas a publicar em Março 2008 no Casual, suplemento do Semanário Económico

Há 10 anos... capas de revistas de relojoaria

Algumas capas que marcaram o ano relojoeiro de 2001. Desde a norte-americana InSync às portuguesas Relógios & Jóias, InPulso ou Internacional Horas & Relógios. Uma década depois, nenhum dos títulos portugueses já existe.


















Há 105 anos...

Postal enviado a 31 de Dezembro de 1908 (clique nas imagens para aumentar)

O Tempo, a crise e a transcendência, segundo Anselmo Borges


Crónica de Anselmo Borges no Diário de Notícia de hoje:

Enigma maior é o do tempo. Não o tempo meteorológico, mas aquele tempo que nos faz envelhecer e desaparecer, morrer os nossos pais e amigos, aqueles a quem mais queremos, que tudo devora e anula. Naquele seu abismo devorador, tudo se despenha, e torna-se como se não tivesse sido.

Já Santo Agostinho se abismava perante o enigma: o que é o tempo? Eu sei. Mas, se alguém me perguntar e eu quiser responder, já não sei. Porque o passado já não é, o futuro ainda não é, e o presente nunca se capta. Ah, se soubéssemos o que é o tempo, teríamos talvez descoberto o mistério de ser e do ser.

Mas é decisivo perceber que já os gregos apresentaram dois grupos semânticos fundamentais referentes ao conceito do tempo: chrónos, o tempo quantitativo e linear, para significar o fluir inelutável do tempo, sem qualquer possibilidade de intervenção humana, e kairós, incidindo sobre o tempo qualitativo, enquanto crise e enquanto oportunidade, para referir aqueles momentos no tempo em que o homem é convocado a uma intervenção decisiva. Chrónos devora os seus próprios filhos, segundo o mito; kairós é a oportunidade oferecida aos homens para a viragem e a conversão, e tem também a ver com aquela experiência de pontos no tempo tangidos pela eternidade - pense-se na experiência da beleza, do amor, da música, da criação -, quando o tempo na sua voragem fica suspenso e mesmo anulado. A experiência da transcendência!

No termo de mais um ano, de forma mais intensa, é o enigma do tempo que outra vez nos visita, na sua dupla face: o tempo cronológico (devorador) e o tempo kairológico (criador).

Quantos neste ano deixaram de cá estar! Um fim de ano qualquer também já cá não estaremos.

Entre tantos que partiram - partiram para onde? (no domínio da ultimidade, a linguagem atraiçoa-nos sempre)-, fica aí, gigante na luta pela liberdade, no humanismo, na fundura e na altura do pensar político, Vaclav Havel.

É iniludível o seu pensar precisamente sobre o tempo, a crise e a transcendência, como, entre nós, chamou a atenção Jorge Almeida Fernandes.

O que provoca a crise maior do nosso tempo senão a vivência do tempo apenas como imediatidade de sucesso, produção e consumo, esquecendo a dimensão moral, metafísica e trágica da existência? Lá estava Havel a avisar em 2007: "O Ocidente democrático perdeu a capacidade de proteger e cultivar os valores que não cessa de reclamar como seus. O pragmatismo dos políticos que querem ganhar futuras eleições, reconhecendo como autoridade suprema a vontade e os humores de uma caprichosa sociedade de consumo, impede esses mesmos políticos de assumirem a dimensão moral, metafísica e trágica da sua própria linha de acção. Uma nova divindade tende a suplantar o respeito pelo horizonte metafísico da vida humana: o ideal de uma produção e de um consumo incessantemente crescentes."

Tenho aqui repetido que, numa sociedade sem transcendência nem eternidade, o tempo não faz texto, pois tudo se dissolve no aqui e agora, na pura imediatidade. E isso, claro, tem consequências até na economia. Vaclav Havel constatou: "Estamos a viver na primeira civilização global", acrescentando: "Mas também vivemos na primeira civilização ateia, isto é, numa civilização que perdeu a conexão com o infinito e a eternidade." Consequências: uma civilização "obstinada em perseguir objectivos a curto prazo", "o que é importante é que um investimento seja rentável em 10 ou 15 anos" e não os efeitos dentro de 100 anos. Depois, "o orgulho", a hybris dos gregos. Por isso, suspeitava que a "nossa civilização caminha para a catástrofe", a não ser que cure "a sua miopia e a sua estúpida convicção de omnisciência, o seu desmesurado orgulho."

Achava que "o desenvolvimento desenfreado de uma civilização deliberadamente ateia deve alarmar-nos". Considerava-se apenas meio crente, mas com "a certeza de que tudo no mundo não é apenas efeito do acaso" e convencido de que "há um ser, uma força velada por um manto de mistério. E é o mistério que me fascina." Afinal, "a transcendência é a única alternativa à extinção."

Meditações - Noite de passagem do ano

A Song for New Year's Eve

Stay yet, my friends, a moment stay—
Stay till the good old year,
So long companion of our way,
Shakes hands, and leaves us here.
Oh stay, oh stay,
One little hour, and then away.

The year, whose hopes were high and strong,
Has now no hopes to wake;
Yet one hour more of jest and song
For his familiar sake.
Oh stay, oh stay,
One mirthful hour, and then away.

The kindly year, his liberal hands
Have lavished all his store.
And shall we turn from where he stands,
Because he gives no more?
Oh stay, oh stay,
One grateful hour, and then away.

Days brightly came and calmly went,
While yet he was our guest;
How cheerfully the week was spent!
How sweet the seventh day's rest!
Oh stay, oh stay,
One golden hour, and then away.

Dear friends were with us, some who sleep
Beneath the coffin-lid:
What pleasant memories we keep
Of all they said and did!
Oh stay, oh stay,
One tender hour, and then away.

Even while we sing, he smiles his last,
And leaves our sphere behind.
The good old year is with the past;
Oh be the new as kind!
Oh stay, oh stay,
One parting strain, and then away.

William Cullen Bryant

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Há 15 anos... publicidade Dior

Publicidadee Dior, pela Crisdor, revista Internacional Horas & Relógios, Dezembro de 1996

Memória - O cérebro e o tempo - II


O cérebro e o tempo II*

Parece que os seres humanos conseguem calcular com precisão pelo menos um intervalo de tempo. Esta capacidade aparentemente inata foi pela primeira vez descrita em 1868 por um pioneiro na pesquisa do tempo, Karl von Vierordt, que baptizou este intervalo de tempo de “ponto de indiferença”. Os estudos dele e subsequentes demonstraram que sons com menos de três segundos de duração são percebidos como tendo durado mais do que a realidade, enquanto os sons com mais de três segundos são percebidos como tendo durado menos.

Este “ponto de indiferença” de três segundos – o intervalo em que a impressão subjectiva e a duração objectiva são sensivelmente as mesmas – tem permanecido inalterado nos últimos 100 anos.

“Tendo em vista as revoluções tecnológicas e sociais – e a aceleração da cultura – ocorridos no passado século, esta consistência parece bastante notável”, diz Pascal Wallisch no artigo do Scientific American que temos vindo a citar. “Os meios rápidos de transporte moderno e as comunicações instantâneas produziram um modo de vida acelerado. A televisão e os vide-clips aceleraram os nossos hábitos. Mesmo assim, este período crucial de três segundos parece ter permanecido invariável, sugerindo que ele estará impresso no cérebro”.

Alguns cronobiologistas e estudiosos do cérebro acreditam que esta janela de tempo pode estar relacionada com outro aspecto da nossa experiência temporal, a do presente. Ernst Poeppel, da Universidade de Munique, fala do “presente subjectivo” quando refere o curto intervalo de tempo que percepcionamos não ainda como passado nem já como futuro – o “agora” mental.

Outra maneira da nossa mente construir a noção de tempo é ilustrada pela qualidade de ordem temporal – a mente determina a ordem dos acontecimentos. Crono-psicólogos descobriram algumas características interessantes dessa nossa capacidade inata, especialmente quanto à percepção da não simultaneidade e da sequência. A resolução cronológica da percepção determina se dois flashs de luz ou dois sons parecem ocorrer separadamente ou de forma simultânea. “Se os estímulos são apresentados abaixo de um determinado intervalo – por outras palavras, em sucessão rápida – eles são percepcionados como tendo-se fundido, e experimentamo-los como sincrónicos ou contínuos”, faz notar Wallisch.

“Cada canal sensorial tem o que se chama o seu ponto de fusão – o nosso ouvido é muito acurado, com uma resolução cronológica de dois milissegundos; a nossa visão, pelo contrário, fica geralmente ultrapassada a partir dos intervalos de 40 milissegundos”, acrescenta ele. É devido a essa falta de percepção visual de sequências rápidas que, por exemplo, vemos as imagens da televisão como um contínuo e não como uma sucessão rápida de “paralíticos instantâneos”.

*Segunda de uma série de crónicas, A Máquina do Tempo, dedicadas a este tema, começadas a publicar em Março 2008 no Casual, suplemento do Semanário Económico

Memorabilia - etiquetas Reguladora, Incabloc, Delvina, Delvinex, Ryger


Etiquetas Reguladora, Incabloc, Delvina, Delvinex, Ryger (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

Chegado ao mercado

Filthy Rich, colar Vera Manzoni. PVP: 98,5 €

Chegado ao mercado - Guess Quilty

Guess Quilty. Calibre de quartzo, caixa em aço, cristais Swaqrovski no mostrador. PVP: 129 €

Meditações - recomeço

Recomeça…
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

Miguel Torga

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Há 15 anos... publicidade Relógios Camel Trophy

Publicidade Camel Trophy, revista Internacional Horas & Relógios, Dezembro de 1996 (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

Machado Joalheiro - catálogos de Relógios e Jóias


Já estão disponíveis os catálogos de Natal / Fim do Ano de Relógios e Jóias da Machado Joalheiro

Memória - O cérebro e o tempo - I


O cérebro e o tempo I*

Um dos grandes desafios actuais da chamada cronobiologia é saber como o cérebro humano tem a noção de tempo, onde é que se centram as zonas processadoras dessa noção, como é que as condições externas e internas ao organismo influenciam a medição objectiva e subjectiva do tempo.

Num artigo publicado no mais recente número do Scientific American, Pascal Wallisch dá-nos o estado da arte nesta frente tão importante para se compreender o comportamento humano.

Sabemos, pelo senso comum e pela experiência quotidiana, que a nossa percepção de tempo varia. Desde logo, no aqui e agora, as fases mais atarefadas da nossa vida parecem curtas, as fases mais monótonas surgem-nos como longas. Surpreendentemente, nas nossas memórias, acontece exactamente o contrário.

Por outro lado, dois acontecimentos poderão parecer simultâneos à vista, mas soam-nos sequencialmente, porque o sentido humano da audição é muito mais apurado que o da visão na percepção de acontecimentos que ocorrem em intervalos muito pequenos um dos outros.

Depois, e à luz dos mais avançados sistemas de leitura da actividade cerebral, não haverá apenas um único centro do tempo – o cérebro contém uma série de relógios internos e de detectores de ritmos, todos eles influenciando a experiência de tempo.

Pascal Wallisch, que é professor de Psicologia no Centro de Ciência Neurológica da Universidade de Nova Iorque, recorda-nos que a nossa sensação de tempo acelera ou abranda em resposta a muitos factores, incluindo o medo e o stress.

Altas temperaturas estão associadas a uma expansão do chamado tempo subjectivo (o tempo que sentimos), enquanto temperaturas corporais baixas estão associadas a um encurtamento desse tempo subjectivo. “Por outras palavras, diz Wallisch, uma pessoa com febre tem tendência a perceber um determinado período de tempo como mais longo do que alguém sem febre”.

Além disso, o tempo parece passar muito depressa quando estamos sujeitos a um número elevado de estímulos novos, em mudança rápida ou complexos – como, por exemplo, quando estamos a jogar um jogo de vídeo. “Presumivelmente, os recursos limitados da nossa atenção são absorvidos pelas exigências de uma situação que exige percepção de ritmo rápido”, diz o especialista. “Pelo contrário, durante períodos de baixa estimulação – como quando esperamos numa longa fila ou quando estamos a desempenhar tarefas de rotina – o tempo parece passar muito lentamente”.

O psicólogo britânico John Wearden, da Universidade de Keeele, na Inglaterra, fez em 2005 uma experiência com dois grupos de alunos, fechados numa sala. A um, mostrou-lhes 9 minutos do filme Armagedão, a outro não lhe deu nada para ver ou fazer. Imediatamente após a experiência, os alunos foram interrogados. Claramente, o tempo subjectivo passou mais rapidamente para o primeiro que para o segundo.

Mas o mais interessante foi que, interrogados horas mais tarde, os que ficaram sem nada que fazer na sala calcularam em cerca de 10 por cento menos o tempo decorrido do que os que tinham estado entretidos a ver o filme.

Conclusão: em retrospectiva, um acontecimento cheio e interessante parece-nos mais longo do que realmente foi, as fases de tédio mais curtas, vistas a longo prazo.

*Primeira de uma série de crónicas, A Máquina do Tempo, dedicadas a este tema, começadas a publicar em Março 2008 no Casual, suplemento do Semanário Económico

Chegado ao mercado - Guess Party Girl

Guess Party Girl. Calibre de quartzo, caixa em aço. Mostrador e luneta com cristais Swarovski. PVP: 149 €

Memorabilia - Grand Slam for Children 2011

Fichas de jogo Casino Wynn, Las Vegas, evento Grand Slam for Children 2011, patrocinado pela Longines

Meditações - ano novo, erros velhos (2)

Many people look forward to the new year for a new start on old habits

anónimo

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Há 15 anos... publicidade Daniel Roth

Publicidade Daniel Roth, pela Diamantouro, revista Internacional Horas & Relógios, Dezembro de 1996