segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Meditações - Cair de Outubro

Últimos cachos. Festa das abelhas.
O inverno já lá vem devagarinho
As folhas, entre secas e vermelhas,
despedem-se de nós num torvelinho.

Quer a paisagem disfarçar as gelhas,
- Outubro lh'as disfarça com carinho.
Porque é que tu, Outubro, te assemelhas,
aos tísicos morrendo de mansinho?!

Compondo, recolhido, o meu poema...
Últimos cachos. na agonia extrema,
como é que tu, Outubro, assim te animas?!

Celebra o meu poema o fim da tarde.
E enquanto ao alto uma estrelinha arde,
eu fico-me, suspenso, a ver das rimas...

António Sardinha, in Quando as Nascentes Despertam

2 comentários:

  1. Na despedida de outubro
    comem-se as velhas castanhas
    e com tristeza descubro
    que já neva nas montanhas!

    JCN

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  2. O poeta de Monforte
    lindos poemas fazia:
    eu não tenho a mesma sorte,
    falta-me a sua mestria!

    JCN

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