terça-feira, 20 de setembro de 2011

Meditações - Outono, tarde dos anos

Assim voou a manhã;
Assim voa o meio dia;
E a sesta ardente em que a terra
Em braços de homem dormia...

Logo, a tarde, sobre o monte,
Tombava, de pouco a pouco;
Já vinha, dos pinheirais,
Um marulhar torvo e rouco.

Desce a luz, aos tropeções,
Cansados, incertos passos;
Lembrava a sombra, em moleza,
O espreguiçar dos seus braços...

O Outono, tarde dos anos;
A tarde, outono dos dias...
Silêncio. Mistério. Ao longe,
Batem as Avé-Marias.

- "Pão Nosso... Cheia de graça..." -
Ampla, a mão do Lavrador,
Na cruz que faz sobre o peito,
Abrange a terra em redor.

António Correia de Oliveira (1878-1960), poeta português

2 comentários:

  1. Em Correia de Oliveira,
    poeta da natureza,
    arde em lírica fogueira
    toda a alma portuguesa!

    JCN

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  2. A espontâea poesia
    de Correia de Oliveira
    tem toda a categoria
    de um poeta de craveira!

    JCN

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