Tenha equanimidade bastante para desculpar esta oferta de saloio. Há nela um pouco de vaidade de autor. Quando eu tinha vinte e cinco anos cultivava flores e fazia versos; depois dos trinta e cinco fabrico manteiga e faço prosa. Passados os cinquenta provavelmente não farei nem uma coisa nem outra. Serei talvez um avaro, ou um caturra. É a trilogia da vida humana: trilogia de pernas ao ar, em que a poesia está no primeiro acto, o positivo e a prosa no segundo, o chato e sem sabor no terceiro.
Alexandre Herculano, (1810 - 1877), in carta a Bulhão Pato, de 1840, a quem manda como presente manteiga feita por ele
Das coisas mais fascinantes
ResponderEliminaré na velhice manter
o desejo de fazer
os mesmos versos que dantes!
JCN
Para quem possui a graça
ResponderEliminarde ser poeta a valer
essa bossa nunca passa
desde logo até morrer!
JCN
Em jovem ser-se poeta
ResponderEliminarnada tem de extraordinário,
constatando-se o contrário
numa idade já provecta!
JCN
Dada a sua experiência,
ResponderEliminardiz Alexandre Herculano
que há três fases na existência
respeitante ao ser humano!
JCN
Se Herculano em poesia
ResponderEliminaro mesmo fosse que em prosa,
nunca por certo haveria
estrela mais luminosa!
JCN