[Vicente Prostes] Era um pequeno velho, mesquinho, arrastando um pouco de uma perna, os seus olhitos azuis, em cujo fundo, como numa gruta, havia ossadas de antigas ironias [...]
Tem mais bocados a vida, quando o egoismo da corja vem decepar o melhor de uma ambição secreta e íntima, e nos faz dentro morrer o entusiasmo por um ideal entresonhado.
Bem no sabia o misantropo antiquário, que no subterrâneo maior do seu museu, diante de uma mesa carregada de Saxes, estatuetas, jarrões, cestos, quermesses, pratas artísticas, velhos bronzes gravados, admiráveis relógios, miniaturas e alfaias de serviço religioso, ficava muito tempo a considerar um espaço vazio ao centro do movel [...]
Fialho de Almeida (1857 - 1911), in O País das Uvas
Obrigado por estes vislumbres de iluminantes fragmentos, que por aqui, e a pretexto das fascinantes máquinas de contar o tempo, nos vai oferecendo.
ResponderEliminarAbraço.
um abraço também para ti, meu caro
ResponderEliminarobrigado
A referência feita por Fialho
ResponderEliminarà figura do velho antiquário
não deve as honras ter de comentário
por mais não ser que sórdido enxovalho!
JCN
UM CRISTO... SINGULAR
ResponderEliminarEm Padrón, na Galiza, há vários anos,
travei conhecimento ocasional
com certo antiquário original
que superava todos os ciganos.
Tinha de tudo um pouco: castiçais,
imagens de marfim e de madeira,
relógios, pistolões de pederneira,
coisas assim, de tempos ancestrais.
Fiado nas histórias que contava,
apalavrei algumas velharias
com as correspondentes garantias.
Tudo estragou, porém, quando após isto
me quis mostrar um Cristo que datava
de trezentos e tal... antes de Cristo!
JOÃO DE CASTRO NUNES