Pelas manhãs, se não tivermos sido acordados por um despertador, normalmente nos preocupamos em saber a hora. Durante o dia, numerosas vezes consultamos o relógio para nos situar no tempo e no espaço. Carregamos agendas, muitas vezes, para nos tranqüilizar de que estamos ou de que estaremos no lugar certo no momento correto. Submetemo-nos a horários que nos ditam ao corpo quando dormir, comer, ter relações sexuais. Apesar da aceleração de quase tudo, permitida pelo progresso da informatização, não passamos a ficar menos ansiosos nas filas. Vivemos sob o temor latente de que um atraso de poucos minutos possa destruir esperanças de toda uma vida.
José Carlos Rodrigues, ensaísta brasileiro contemporâneo
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