sexta-feira, 22 de abril de 2011

Meditações - relógio colado ao corpo

“Tempo” é algo tão onipresente na nossa maneira hodierna de agir, de pensar e de sentir, que compreender nossos modos de ser em grande medida exige conhecer como esta presença avassaladora veio a ocorrer. O relógio, por exemplo, tornou-se tão visceral, que muitos não se sentem inteiros sem ele: daí o seu uso freqüente durante o sono, no banho, nas praias, nas férias, nas aulas de ginástica, nas relações sexuais. Esquecem-se de se separar dos marcadores de tempo até mesmo os que, para exprimir algum protesto, se apresentam completamente nus em ambientes públicos, como temos testemunhado em eventos transmitidos em escala global por redes de televisão. É que o tempo e seu instrumento de medição aderiram aos corpos e praticamente se visceralizaram nas subjetividades contemporâneas.

José Carlos Rodrigues, ensaísta brasileiro contemporâneo

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