terça-feira, 7 de setembro de 2010

Meditações - o declínio do tempo extensivo

Como então se surpreender com o declínio da leitura, com a falta de respeito ao saber acumulado nas páginas dos livros, com o declínio da escrita em benefício do oral ou, ainda, com a preeminência da imagem sobre o texto? Ou mesmo com a constante aceleração, em nível de montagem, dos filmes e videoclipes – 24/30, depois 60 imagens por segundo? Do desrespeito em relação às pessoas idosas, à crise das famílias ou dos casais que se explicam amplamente, tudo passa pelo declínio da importância do tempo extensivo e das durações longas de experiência adquirida em benefício da surpresa, das novidades alimentadas pelas empresas de produção, pelos standards publicitários do consumo... até o incidente intempestivo que tememos tanto quanto o esperamos e reverenciamos como performance sem precedente.

Paul Virillo, sociólogo francês contemporâneo

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