quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Uma viagem à Suíça há 71 anos

O Anuário dos Relógios & Canetas publica na sua edição de 2010 um trabalho sobre um dos maiores relojoeiros do século XX português, Daniel de Campos Contente, estabelecido durante décadas em Coimbra.

No trabalho incluem-se extractos de um diário, manuscrito, elaborado por Daniel, quando, em Agosto de 1939, atravessando uma Espanha destruída, e saída há apenas meses da guerra civil, ele vai juntamente com o irmão, José, de comboio até à Suíça.

O objectivo é visitar uma Feira Internacional, em Zurique, mas também a passagem por manufacturas como a Le Roy, em Paris, a Patek Philippe, em Genebra, ou a Omega, em Bienne.

É esse diário, até hoje inédito, que passamos a transcrever em Estação Cronográfica, agora na íntegra, e respeitando o dia-a-dia da viagem. Sobre Daniel de Campos Contente, o melhor será ler o que sobre ele foi escrito no Anuário dos Relógios & Canetas 2010.

Agosto, 4

Saí de Coimbra com bilhete até Vilar Formoso, a alturas de Nelas e Gouveia desfruta-se uma bela vista da Serra da Estrela.

Depois da Guarda, travei conhecimento com o Sr. Cândido Ferreira (de Coimbra) construtor civil em Lisboa e fiscal do Governo no Caminho-de-ferro.

Cheguei a Vilar Formoso e tive a decepção de não poder atravessar a fronteira, em virtude de não trazer o passaporte visado pela Polícia Internacional.

Tive a felicidade de aqui encontrar um carro de Lisboa, que regressava de Espanha e o chaufeur ofereceu-se para me levar para Coimbra. Parámos na Guarda, mal vimos a cidade, parámos junto à Sé, que tive pena de não visitar.

A estrada que ladeia a Serra da Estrela é encantadora, fica-nos à esquerda um vale profundo onde respontei o Mondego, que parece um regato, a outra encosta é a Serra.

Chegámos a Coimbra ás 23h45, tendo partido de Vilar Formoso às 19h45.

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