segunda-feira, 5 de julho de 2010

Uma vergonha... e uma anedota - a saga do relógio do Arco da Rua Augusta

Sobre o folhetim do relógio do Arco da Rua Augusta, em Lisboa, Estação Cronográfica já escreveu repetidas vezes (e até escreveu uma monografia - Tempo e Poder em Lisboa, editada pela Espiral do Tempo).

Agora, o relógio mais central da capital encontra-se sem ponteiros, depois de ao longo de toda a sua atribulada vida nunca ter marcado as horas certas.

Alvo de uma importante acção de mecenato, a cargo da manufactura Jager-LeCoultre e do seu importador para Portugal, a Torres Distribuição, nem mesmo assim o relógio foi posto a funcionar em condições.

Acusações cruzadas entre quem restaurou o relógio e a tutela do Arco (a acção começou sob a tutela do então IPPAR, que foi extinto, e está agora nas mãos da Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo) têm-se repetido, mas sem que o caso se resolva.

Os mecenas estão, obviamente, preocupados, pois foi o seu dinheiro que foi gasto numa acção que não produziu efeitos (antes pelo contrário, dá uma imagem negativa).

Estação Cronográfica chegou a ser consultada pela DRCLVT, para contextualizar historicamente não apenas o relógio, mas também todo o acidentado processo da sua vida de reparações, paragens, acertos e.... sobretudo, desacertos.

Por outro lado, a DRCLVT tem um projecto de abertura do Arco ao público, estando a decorrer obras nesse sentido, e o relógio - restaurado, mas sem funcionar acertadamente, teve que ser de novo desmontado, porque apanhou muita poeira... isso faz-nos lembrar os buracos nas ruas, que são abertos e fechados, paulatinamente, à medida que vão chegando a água, o gás, a electricidade, os esgotos, o telefone...

Estação Cronográfica fez notar na reunião que teve com a DRCLVT que um dos problemas poderia ser o peso elevado dos ponteiros. Talvez agora os queiram substituir, mas os mecenas - a Torres Distribuição e a Jaeger-LeCoultre não foram informadas de nada. O que, no mínimo, é uma grande falta de educação.

A má relação, atávica dos portugueses com o Tempo está agora bem traduzida num relógio sem ponteiros no mostrador - repetimos, o relógio mais central da cidade, aquele que é mais visto por locais e forasteiros.

Uma vergonha, em suma.

Entretanto, o Observatório dos Relógios Históricos de Lisboa enviou uma carta à DRCLVT, alertando para que os ponteiros, a serem substituídos, devam respeitar a estética de todo o conjunto.

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