Tempos
10 elevado a -24 – Tempo médio de vida de um quark
10 elevado a -18
10 elevado a -12 – Período orbital de um electrão
10 elevado a -6 - Ciclo de um relógio de computador
1 – tempo de abertura padrão do obturador de uma máquina fotográfica
10 elevado a 6 – 1 mês
10 elevado a 12 – Tempo médio da vida humana
10 elevado a 18 – Idade do Universo
Os primeiros relógios mecânicos, inventados no Ocidente, nem sequer mostrador tinham – eram usados por comunidades religiosas apenas como mecanismos para fazer soar sinos e dar as horas canónicas, das Matinas ao Angelus, ritmando o orar e o laborar.
Os primeiros mostradores ostentavam apenas o ponteiro das horas, dada a inexactidão dos mecanismos, que tinham grandes desvios diários. Apenas com melhoramentos no escape e no órgão regulador (pêndulo), o ponteiro dos minutos começa a ter alguma razão de aparecer. E o ponteiro dos segundos só nasce para a relojoaria de torre praticamente quando esta é electrificada.
O Tempo, durante séculos e séculos, escoou pela água das clepsidras, pela areia das ampulhetas, percorreu languidamente na sombra os quadrantes solares, sem que o Homem tivesse consciência ou necessidade de uma exactidão por aí além.
Tudo muda no séc. XVIII, com o início da Revolução Industrial e os seus ritmos de trabalho e de produção, que precisavam da exactidão como importante factor de sucesso. De 1750 a 1850 foi o chamado Século de Ouro da relojoaria mecânica e os relógios mecânicos pouco mais avançaram desde então.
Só que, desde há meio século, com os relógios atómicos, o Tempo passou, apesar da sua natureza misteriosa e fugidia, a ser a grandeza física mais exactamente mensurável, servindo mesmo de padrão para outras (o Metro Padrão passou a ser a distância que a luz viaja no vácuo em 1/299.792.458 de um segundo).
Por outro lado, a Ciência tem conseguido dividir o Tempo mais do que qualquer outra realidade e o segundo continua a enriquecer-se com subdivisões temporais muito úteis em experiências laboratoriais (os transístores podem mudar de polaridade em menos de um picosegundo, uma unidade que é um milhar de um bilionésimode um segundo).
Recentemente, uma equipa franco-holandesa estabeleceu um novo recorde de velocidade na subdivisão do segundo, publicando um trabalho onde se prova que uma luz de um emissor laser teve impulsos que duraram 250 atosegundos – ou seja, 250 biliões de um bilionésimo de segundo. Esse emissor poderá um dia ser ligado a uma máquina fotográfica, que será capaz de captar os movimentos individuais dos electrões.
O tempo não se vê, mas sente-se e, sobretudo, mede-se.
* in A Máquina do Tempo, em Casual, suplemento do Semanário Económico de 24.08.07
Sem comentários:
Enviar um comentário