O tempo e a vida
Que bom ter o relógio adiantado!...
A gente assim, por saber
Que tem sempre tempo a mais,
Não se rala nem se apressa.
O meu sorriso de troça,
Amigos,
Quando vejo o meu relógio
Com três quartos de hora a mais!...
Tic-tac... Tic-tac...
(Lá pensa ele
Que é já o fim dos meus dias)
Tic-tac...
(Como eu rio, cá p´ra dentro,
De esta coisa divertida:
Ele a julgar que é já o resto
E eu a saber que tenho sempre mais
Três quartos de hora de vida).
Sebastião da Gama (1924-1952), poeta português
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