Londres tem o seu Big Ben. Paris tem Charles de Gaulle e você pode também acertar por ele o seu relógio.
Sabemos que são 09h30 em ponto quando vemos o empertigado Chefe de Governo francês entrar de manhã no seu escritório. Quando sai, sabemos que são 13h00 – de Gaulle vai almoçar. Quando regressa, são 15h00 em ponto. “Ele não é um homem”, diz o seu motorista. “É um relógio”.
Quando de Gaulle diz que uma reunião começa às 09h30, começa exactamente a essa hora – nem antes, nem depois. Ele não faz esperar os visitantes e espera o mesmo deles. Uma chegada atrasada pode deixar o general indisposto para o resto do dia.
De Gaulle decide antecipadamente por quanto tempo se vai encontrar com uma determinada pessoa. E a reunião dura exactamente o previsto – nem um segundo mais. Isto pode não agradar a muitos funcionários franceses, nada notados pela sua pontualidade, mas agrada à imprensa colocada em Paris. Os repórteres sabem exactamente quanto tempo de Gaulle ficará aqui ou ali.
Às 20h00 em ponto, Charles e Yvonne de Gaulle sentam-se para jantar: o dia de trabalho do Chefe de Governo acabou e ele passa a ser um marido a conversar amenamente com a mulher, à mesa. Praticamente nunca trabalha de noite porque a luz artificial lhe fere os olhos. Ele já se submeteu a duas operações às cataratas.
A senhora de Gaulle recusa-se a deixar a política interferir com a vida pessoal do marido.
Uma vez de Gaulle estava um minuto atrasado quando saiu pra almoço, com a mulher, no Hotel La Perouse. “Mais depressa”, disse ele ao corpo de segurança, “temos que fazer isto hoje em quatro minutos”. Chegaram às 13h00 em ponto.
Este tipo de pontualidade trouxe um novo ambiente ao atabalhoado serviço público francês. Agora, parece que tudo está metido na ordem. Tudo se faz nas horas normais de expediente. E isto reflecte-se também na população em geral. Diz um funcionário no Hotel Matignon, a residência oficial: “Uma coisa boa com de Gaulle é que agora posso dormir a horas normais. Esta é a melhor maneira de dirigir o estamine”.
De Paris, Pierre Legros, in The Spokesman-Review (Washington) de 16 de Junho de 1958
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