sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Breves relojoeiras - Swatch Group beneficia da crise

Nicholas Hayek, Chairman do Swatch Group, tem razões para estar contente

O Swatch Group, o maior do mundo no sector relojoeiro, acaba de divulgar os resultados para o primeiro semestre do ano e surpreendeu positivamente os observadores, já que conseguiu resistir à crise melhor do que a generalidade dos agentes económicos e terá mesmo crescido em quota de mercado em todos os segmentos de preço e na generalidade dos mercados.

De Janeiro a Junho de 2009, o Swatch Group realizou um volume de negócios de 2480 milhões de francos suíços (menos 15,3 por cento do que o recorde absoluto na história do grupo, em período homólogo de 2008, mas cerca de metade da contracção registada no sector pela Federação Relojoeira Helvética).

Estes números permitem ao Swatch Group anunciar “progressão contínua em todos os segmentos e regiões, graças a uma estratégia de distribuição de produtos consistente, a actividades de inovação intensas, ao desenvolvimento de novos produtos e a trabalhadores altamente motivados”.

Mantendo uma política de comprometimento na manutenção do maior número possível de postos de trabalho, o grupo viu diminuir em 41,8 por cento a margem operacional, registando resultados líquidos da ordem dos 301 milhões de francos suíços (menos 28 por cento) que em igual período do ano passado.

Assinalando um rácio de rotação francamente melhor do que há seis meses, o Swatch Group quer aproveitar a crise para reforçar a presença no retalho, onde a situação terá melhorado muito em Maio e Junho em relação aos quatro primeiros meses do ano. Essa tendência parece ter-se confirmado em Julho, mas continuam as anulações de encomendas de componentes por parte de marcas exteriores ao grupo (o Swatch Group lidera a produção de calibres e outras peças, sendo o principal fornecedor helvético, mesmo para a sua concorrência directa).

O lançamento de novos produtos por parte da Breguet e da Tiffany, a nova gama Constellation da Omega, novos calibres na Tissot e na Swatch terão ajudado a recuperar os números do primeiro semestre, prevendo-se que o segundo fique ao nível do que ocorreu em 2008. As actividades de marketing do grupo mantiveram o investimento registado nos primeiros seis meses do ano passado.

O Swatch Group detém as marcas relojoeiras Blancpain, Breguet, Glashütte Original, Jaquet Droz, Léon Hatot, Omega, Tiffany & Co, Longines, Rado, Swatch, Tissot, Mido, Certina, Hamilton, Flik Flak e Endura. Dispõe ainda de uma base industrial que inclui a ETA, maior fabricante de calibres da Suíça, e fábricas de caixas, ponteiros, mostradores, etc. Tem ainda controlo directo sobre a maioria do retalho mundial. Em Portugal, uma excepção, a maior parte das marcas Swatch Group estão presentes através da portuguesa Tempus Internacional.

Enquanto isso, o jornal francófono La Tribune de Genève dava esta semana um quadro cada vez mais negro ao nível do desemprego suíço. Dentro de pouco tempo, o cantão de Neuchâtel deverá ultrapassar o de Genebra na taxa de desemprego, a primeira vez que isso ocorrerá desde os anos 80. Com 6,1 por cento em Julho, deverá ultrapassar rapidamente os 6,8 por cento de Genebra, até agora a taxa mais alta na confederação. O chamado arco jurássico, que tem Neuchâtel como centro, depende quase exclusivamente da relojoaria e do sector automóvel e esses dois sectores são dos que mais sentiram a crise.

O cantão de Neuchâtel exporta 90 da sua produção para o estrangeiro. No último boletim de conjuntura do cantão, 77 por cento das empresas relojoeiras dizem que o mercado vai deteriorar-se ainda mais. E nenhuma prevê o aumento de encomendas para os próximos três meses.

Falando para a agência Agefi, Patrick Frischknecht, CEO do grupo Les Ambassadeurs, admite uma forte quebra na venda de relógios com preços entre os 5000 e os 15000 francos suíços. Desde 1997 que ele dirige a cadeia de luxo Les Ambassadeurs, que tem lojas topo de gama em Genebra, Zurique, Lugano e Saint-Moritz.

Admitindo uma estagnação no volume total de vendas, ele diz que a culpa da redução de vendas nos relógios de gama média foi a eliminação de bónus aos quadros nos bancos e companhias seguradoras. “Mas as peças muito caras continuam a ter clientes, temos vendido muito bem”, disse.

Um número interessante: o mercado suíço representa cerca de 5 por cento do total das exportações relojoeiras helvéticas, tornando-se por isso um mercado crucial. Sabendo-se que os suíços não compram assim tantos relógios, o turista tem sido essencial para a sobrevivência de um retalho que já conheceu melhores dias.

O CEO da cadeia les Ambassadeurs recorda “a arrogância das marcas durante os últimos anos de euforia, esquecendo o retalho de tão importante mercado, que representa entre 750 e 800 milhões de francos suíços”.

Nos anos de vacas gordas, milhares de peças muito caras eram enviadas para a Rússia e para a Ucrânia, por exemplo, deixando “a seco” o retalho de Zurique ou de Genebra. “Ora, isso é inadmissível”, diz Frischknecht. “Para os clientes estrangeiros, comprar um relógio suíço na Suíça faz parte da experiência de compra e eles dão importância a isso”.

A cadeia Les Ambassadeurs é detida pela sociedade suíça de investimentos HNW, detida a 100 por cento pelo xeque saudita Abdullah M. al-Rayes.

No retalho relojoeiro helvético, a posição dominante é da cadeia Bucherer, que dispõe de cerca de 40 pontos de venda.

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