sexta-feira, 10 de julho de 2009

Breves relojoeiras

Em entrevista à revista helvética de economia Bilan, Karl-Friedrich Scheufele, dono da Chopard, admite que terminará 2009 com uma redução de 20 por cento. Mesmo assim, apenas houve até agora 37 despedimentos num total de 885 trabalhadores ligados à produção e de 1800 se contados os espalhados pelo mundo, nomeadamente nas boutiques monomarca. É a primeira vez na história da Chopard que ocorrem despedimentos. Quanto a uma recuperação, Karl-Friedrich Scheufele prevê que ela não ocorrerá sequer em 2010. Com um forte investimento na manufactura em Fleurier, realizado já quando a crise se anunciava, a Chopard quer tornar-se independente quanto a calibres para a sua gama alta de relógios.

No terramoto que se tem feito sentir ao nível das chefias das várias marcas, chega agora a vez do CEO da neófita Romain Jerome. Yvan Arpa, bem como quatro outros altos quadros foram despedidos. Antigo professor de Matemática convertido em relojoeiro, Arpa foi a alma da Romain Jerome desde a sua recente fundação (quando provocou muito barulho ao produzir relógios com restos de metal do Titanic). Agora, é o naufrágio…

Pierre Maillard, Director da suíça Europa Star, o mais antigo título de relojoaria do mundo, refere em editorial que, "de um dia para o outro, os fornecedores viram as suas encomendas reduzidas para um terço, metade ou mesmo mais". Está a referir-se aos fabricantes de caixas, pulseiras, mostradores, ponteiros, rubis, rodas dentadas, etc. , os mais atingidos até agora pelo desemprego. Os preços desses componentes também desceram abruptamente, entre 10 a 30 por cento, tornando a situação mais difícil. "Mesmo que a recuperação ocorra em 2010, muitos poderão não resistir até lá", diz. Contraditoriamente, aponta este observador privilegiado do sector, "sem se empregar gente nova, que agora está compreensivelmente desmoralizada, há o grande risco de, em poucos anos, a indústria se encontrar com o mesmo vazio geracional que viveu aquando da crise do quartzo", faltando continuadores nas artes das Complicações, Guillochage, Esmaltagem, etc. Essa crise ocorreu nos anos 70 do século passado e provocou quase a morte da relojoaria suíça, ameaçada pelos relógios japoneses.

Enfrentando ventos e tempestades, a Rolex, que mesmo assim também mudou de CEO, reafirmou agora a intenção de avançar com um investimento de vulto – o alargamento da sua Manufacture des Montres Rolex, situada em Bienne, no cantão de Berna. As novas instalações, altamente robotizadas, deverão começar a funcionar em 2012.

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