sexta-feira, 17 de julho de 2009

Viagem ao Tempo dos Braganças (1640 - 1910)

Amanhã, sábado, 18 de Julho, a partir das 15h00. Visita guiada ao Tempo dos Braganças. Palácio Nacional da Ajuda. Uma viagem que parte de 1640 e chega a 1910, com dezenas de relógios pelo meio, entre exemplares de relojoaria grossa, média e fina. Informações e inscrição em http://www.clubedosentas.com/ , por email - eventos@clubedosentas.com ou pelo telefone: 960055526 ou 912839833.

A notícia da Lusa:

Visita no sábado ao núcleo relojoeiro do Palácio da Ajuda

A Casa Real portuguesa «preferiu a relojoaria francesa mais ornamentada à inglesa, mais preocupada com o mecanismo», disse à agência Lusa o investigador Fernando Correia de Oliveira que dirige sábado uma visita ao Palácio da Ajuda.

A visita, sábado à tarde, é vocacionada para a colecção de relógios da Casa Real portuguesa, na sua maioria de fabrico francês ou suíço, mas Correia de Oliveira advertiu: «Não iremos falar apenas dos relógios mas do tempo e a sua relação com o poder e as suas mudanças em Lisboa».

O investigador referiu as sucessivas mudanças do «tempo real» desde que o Rei se mudou do Terreiro do Paço para a Real Barraca e depois para o actual Paço da Ajuda.

Referindo-se ao Palácio da Ajuda, Fernando Correia de Oliveira afirmou que é nele que se "encontra o mais importante acerco da Casa Real", grande parte fruto das compras da Rainha Maria Pia (mulher de D. Luís), que «foi a principal mentora da redecoração do Paço Real».

O Palácio mantém todos os relógios que os republicanos ali encontraram quando proclamaram o novo regime, disse o investigador que referiu haver relógios noutras residências régias como a das Necessidades ou a de Belém.

D. Luís «tinha um grande interesse pelos relógios e gostava de os ter todos acertados mas a Rainha é quem faz as compras como comprovam as facturas que há, com algumas excepções de ofertas ou compras do Rei para relógios de uso pessoal».

Entre os relojoeiros de renome que constam da Colecção Real Portuguesa, Correia de Oliveira referiu Gio Pietro Callin, Le Comte, Causard, Jean Le Seyne, Patek Philippe e A. H. Rodanet, este último nomeado relojoeiro da Casa Real Portuguesa por alvará de 1868.

«Vários alvarás reais, atribuindo nomeação do cargo de relojoeiro honorário e fornecedor de relógios da Casa Real, foram concedidos ao longo dos anos a Paul Plantier, no ano de 1862, a José Schrupp no ano seguinte, a A. H. Rodanet em 1868, a José Moos em 1879», disse.

Maria do Carmo Rebelo de Andrade do Museu do Palácio da Ajuda disse à Lusa que «é a Rainha alma do Palácio e, nesse sentido, muitas compras foram feitas, até quando ia ao estrangeiro, designadamente relógios».

A responsável acrescentou que «há muitos adquiridos pelo próprio Rei, os que tradicionalmente chamamos hoje 'cebola' e que têm o monograma (L I) régio».

O Palácio da Ajuda tem 80 relógios, «havendo ainda outros espalhados pelas outras residências régias, nomeadamente Vila Viçosa, Mafra e Pena, em Sintra», disse Fernando Correia de Oliveira.

A colecção régia portuguesa cronologicamente vai de finais do século XVIII até à proclamação da República (1910).

«Há relógios de sala, de secretária, de bolso, de transporte ou jóias e adereços, havendo ainda um núcleo de relógios de sol, que não é o caso da Ajuda mas é da Pena e de Queluz, e bússolas».

«Os relógios pessoais foram com as pessoas, apesar de haver muitos na Ajuda», disse Correia de Oliveira que recordou que as autoridades republicanas «devolveram todos os objectos pessoais aos Bragança».

Correia de Oliveira referiu, por exemplo, os relógios mandados fazer pela Rainha D. Amélia com os retratos do marido e do filho mais velho, após terem sido assassinados em 1908.

«Eram em negro e a Rainha viúva oferecia-os a amigos e pessoas mais próximas», disse.

Outros são, por exemplo, relógios oferecidos a médicos com a assinatura de SM (Sua Magestade), entre os obsequiados conta-se Gama Pinto.

O núcleo museológico relojoeiro «é dos mais bem estudados do Palácio e em melhor estado de conservação, graças à exposição realizada em 1996, Tempo Real», disse Correia de Oliveira.

O investigador chamou ainda atenção para o relógio da Torre do Galo que faz parte do complexo monumental do Paço da Ajuda e que «data do tempo da barraca real».

«É um máquina relojoeira portuguesa de finais do século XVIII e que urge recuperar», alertou.

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