terça-feira, 7 de outubro de 2014

Meditação - pôr-do-sol

Adeus, adeus, ó Sol! grão moribundo
Tão amado dos mysticos amantes!
Vae dourando inda os ninhos e os mirantes
E os sinceiraes, o Mar, o velho mundo!

Vae! vae! ó astro lyrico! no fundo
Das aguas apagar-te!... Os teus instantes
São curtos, coração largo e profundo!
Mas da minha amargura semelhantes!
E, no entanto, astro de fogo, astro tyrano!
Se a tua chaga é funda, no Oceano
Todo o teu sangue ali podes lavar!...

Mas eu recalco, ó Sol! meu mal no seío...
Peja-me o pranto e a magoa!... e até receio
Que os ais da minha dôr vibrem no ar!

Gomes Leal

1 comentário:


  1. Todos nós temos na vida
    um pôr-do-sol: a questão
    é não deixar que a ferida
    nos atinja... o coração!

    JCN

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