[...] Tomou-lhe um pulso, depois o outro; deu-lhe três pancadas do lado direito do tórax, igual número do esquerdo; pousou-lhe o ouvido sobre as descarnadas costelas, e, como se escutasse lá dentro os passos da morte, ergueu-se e fez um gesto de descontentamento visível.
Receitou um chá de alteia e saiu.
Agostinho esperava-o à porta.
— Então ? O médico puxou pelo relógio, ao qual principiou a dar corda, dizendo com a indiferença profissional: — Como àquela máquina se não dá corda como a esta, pára dentro em poucas horas.
Agostinho sentiu subirem-lhe as lágrimas aos olhos.
O médico voltou-se ainda de novo para dizer: — Eu escuso de cá voltar, agora o padre. [...]
Júlio Dinis, in Serões da Província, O Espólio do Senhor Cipriano
ResponderEliminarA vida tem coisas destas,
difíceis de suportar,
evidentes, manifestas,
impossíveis de evitar!
JCN
Quando a corda chega ao fim
ResponderEliminarno relógio da existência,
foi porque dispôs assim
a divina providência!
JCN