quarta-feira, 31 de agosto de 2022
Meditações - when the clock is within five minutes of striking
There were times when the fact of impending death seemed as palpable as the bed they lay on, and they would cling together with a sort of despairing sensuality, like a damned soul grasping at his last morsel of pleasure when the clock is within five minutes of striking. But there were also times when they had the illusion not only of safety but of permanence.
George Orwell, 1984
terça-feira, 30 de agosto de 2022
Os relógios Frederique Constant no Relógios & Canetas online
Há 100 anos - Antes do coração, seguiu um relicário... que ninguém sabe onde pára
Relicário de Portugal, peça da autoria de António Maria Ribeiro. Na Ilustração Portuguesa de 28 de Outubro de 1922.
Notas do Arquivo Municipal de Mafra sobre a peça, que teve a contribuição de Leal da Câmara:
A peça "Relicário de Portugal", foi apresentada ao
publico, a 1ª vez, na Exposição na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1922,
seguindo logo depois para a Exposição Internacional do Rio de Janeiro,
realizada nesse mesmo ano. A urna continha terra de Portugal, destinada a ser
levada para o Brasil. Depois da exposição, o Estado português comprou esta peça
e ofereceu-a ao estado brasileiro, como "representação da união entre as
duas Pátrias"
É, muito provavelmente, o relicário hoje denominado
"Relicário da Saudade" que ainda se encontra no Gabinete Português de
Leitura. Este constituiu uma homenagem a Sacadura Cabral e contém um pergaminho
com assinaturas de Pio XII, D. Manuel II de Portugal, D. Afonso XIII da Espanha
e Alberto I da Bélgica.
Mas ninguém sabe ao certo. Onde pára o relicário?
Meditações - Horas, horas sem fim
Espera
Horas, horas sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.
segunda-feira, 29 de agosto de 2022
Os relógios F.P. Journe no Relógios & Canetas online
Meditações - Eu vejo o futuro repetir o passado
Disparo contra o Sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara
Mas, se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não para
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para
Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha num palheiro
Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: É matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
Não, o tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não, não não para
domingo, 28 de agosto de 2022
Os relógios Equation of Time (RGM) no Relógios & Canetas online
Lalique - das primeiras referências em Portugal (1909)
"A falência da arte na ourivesaria está absolutamente afirmada no nosso meio. [...] A jóia moderna tem em René Lalique o seu mais notável cultor e mais complexo renovador", escreve o jornalista F. da Silva Passos no nº 49 da revista Serão, de Julho de 1909.
Será uma das primeira referências na imprensa portuguesa a Lalique (1860 - 1945), mestre vidreiro, vitralista, ourives e joalheiro francês. Ficou bastante conhecido pelas criações em jóias, frascos de perfume, copos, taças, candelabros, relógios, ao estilo Art Noveau. A fábrica que fundou em 1888 ainda funciona. E o Lalique Group inclui hoje marcas de luxo como Jaguar, Bentley ou Brioni.
O Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, reúne quase duas centenas de
obras de René Lalique, entre as quais se contam algumas das mais célebres jóias
criadas pelo artista.
A origem do conjunto remonta à década de 1890, altura em que Calouste Gulbenkian e René Lalique se conheceram. A amizade de ambos, que durou meio século, levou o colecionador a adquirir, entre 1899 e 1927, a quase totalidade das obras directamente ao artista.
René Lalique
Há 100 anos - o psicólogo e esperantista Émile Coué está em Lisboa
Meditações - O relógio e o contágio dos seus braços
O tempo e o relógio de pedra e sol dos franciscanos de Olinda
Na Sexta-Feira Santa fui rever a Igreja de Nossa Senhora do Terço, no secular bairro recifense de São José, onde houve um acontecimento histórico: em 13 de janeiro de 1825, o frade carmelita, de 46 anos, frei Joaquim do Amor Divino Caneca, o Frei Caneca, foi levado da calçada dessa igreja para o Forte de São Tiago das Cinco Pontas, para ser executado por um pelotão militar por sua participação na Confederação do Equador, revolução republicana ocorrida em Pernambuco, em 1824. Lembro que é do dramaturgo, escritor, ficcionista e historiador Cláudio Aguiar, da Academia Pernambucana de Letras e ex-presidente do Pen Clube do Brasil, o que melhor foi escrito até hoje sobre o drama que envolveu esse herói e mártir pernambucano: O Suplício de Frei Caneca, uma peça de teatro que honra a dramaturgia brasileira.
Interessava-me saber como estava sendo preservado esse patrimônio histórico e como ainda existia o seu relógio grande de parede. Um relógio de igreja humilde e de poucos paroquianos que me conduz, pelo olhar, a outros relógios de templos católicos, que conheci. Ao da Catedral de Notre Dame, de Paris, ao da Catedral de Praga; ao relógio astronômico, uma peculiaridade da catedral de Strasbourg, na Alsácia. Não entro num templo católico sem antes olhar para seu relógio litúrgico, neste artigo procuro dizer sobre a importância muito além de subjetiva desse símbolo e seu valor incontrastável.
Henry Bergson, um daqueles que põe fim à era cartesiana, quis demonstrar que a autêntica vida está nos símbolos. Os relógios das nossas igrejas, ao lado dos sinos, carregam uma forte carga de simbolismo. Os relógios das igrejas do Cristianismo, nas suas edificações, tenho para mim, assemelham-se a uma escritura cifrada. O tempo: nos textos de interpretação bíblica estão o seu deciframento, a sua substância: o tempo. De mais a mais, na filosofia, de maneira magistral, fonte inspiradora de Aristóteles, Spinoza, Husserl e Heidegger, o tempo e a eternidade em Tomás de Aquino, sem os quais estaríamos ainda na fase primária de conhecimento do tempo, a apreensão do seu eterno fluir, a sua essencialidade mais profunda, apreensível apenas por intuição inefável mais alta, como diria Bergson.
Juntos com o tempo se esvai a nossa vida, a dos outros e a do mundo, as nossas alegrias e tristezas, as nossas perdas e ganhos. O relógio e o contágio dos seus braços na busca incessante de cada um dos nossos instantes, até o nosso inevitável perecimento.
A grande beleza dos relógios das nossas igrejas não reside nos detalhes, quando vistos – o que deles sugere, avassaladoramente provocador - sob o ângulo da durabilidade infinita, até quando as suas lâminas estão imóveis, mas não inertes. (Immotus nec iners). Vejo os relógios litúrgicos como o tempo com o ritmo de Deus, o relógio infalível do tempo, a imagem móvel do infinito e do eterno, no dizer de Platão, para se compreender a teoria clássica aristotélico-tomista do movimento, que já entre os Gregos homéricos - kairós - simbolizava a ideia de suas qualidades divinas e subjetivas. O eterno devir dialético dos seres do mundo, que resulta, para muitos, numa tremenda e desconcertante perplexidade bem conhecida no pensamento contemporâneo. O tempo, inspirador de uma das poucas obras filosóficas indispensáveis para a cultura de um país: Ser e Tempo, de Martin Heidegger, ele que teve como assistente e tradutora no Brasil a pernambucana Maria do Carmo Tavares de Miranda,
E o que dizer dos primitivos relógios de sol e pedra? Em nada se diferem no seu conteúdo e essência de simbolismo. Volto sempre ao relógio de sol e pedra da igreja do convento olindense dos franciscanos, como se nunca o tivesse visto. Está ali, no mesmo lugar, desde 1855, a nos mostrar o passar do tempo, como se este fosse uma substância que pudéssemos apalpar, com duração em eterno devir. Do século 18, um dos mais antigos do país, o relógio de sol e pedra parece desafiar as nossas imperfeições, qual esfinge grega, no terraço descoberto de frente para o mar, perto do bloco conventual,
Os relógios das igrejas e catedrais como sendo partes da liturgia do sagrado, o tempo no seu movimento contínuo, em cujo seio heterogêneo e móvel se integra à consciência, na incomensurabilidade do infinito, à cristalização da ideia de um motor movido antes dele: Deus.
Marcus Prado, jornalista. Publicado em: 19/04/2022
sábado, 27 de agosto de 2022
Os relógios Emile Chouriet no Relógios & Canetas online
sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Há 100 anos - no meio das greves e das bombas, chefe da polícia de Lisboa morre quando pistola cai ao chão
Ilustração Portuguesa de 19 de Agosto de 1922. Ainda nesse ano, o parlamento delibera uma pensão anual de 3.600 escudos à viúva e filhas do Major Júlio Carrão de Oliveira.