quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Meditações - quando o sol declina

Soneto do Horto

a Domingos de Gusmão Araújo

As oliveiras são da cor da prata
na tarde lenta, quando o sol declina.
(Como a paisagem se amacia e esmalta,
cheia da austera placidez latina!)

Frerinhas mansas, de expressão beata,
ei-las subindo, mansas, a colina.
Parece até que a alma se dilata,
- que toda a graça delas a ilumina!

Ó testemunhas do suor de Cristo,
debaixo desse aspecto de repouso,
quanto penais p'ra dar a luz ao mundo!

Prouvera a Deus que, dentre as que eu avisto,
saísse um dia, brando e caridoso,
o azeite que há-de ungir-me, moribundo!

António Sardinha, in Quando as Nascentes Despertam

2 comentários:

  1. Lendo Sardinha, se me encolhe a alma,
    vontade tendo de rezar a Deus:
    ante os seus versos,superando os meus,
    eu reconheço que me leva a palma!

    JCN

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  2. Oriundo de Monforte,
    ninguém como ele sentia,
    de uma maneira tão forte,
    a terra de Santa Maria!

    JCN

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