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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

História de um relógio N. B. Yäeger''


Na Baselworld 2004 teremos sido os primeiros no mundo a comprar um relógio N. B. Yäeger'', uma marca lançada esse ano pelo relojoeiro alemão Martin Braun. Especialista em complicações astronómicas, Martin ainda estava nessa altura instalado num pequeno stand, na área dos independentes. Depois, a marca com o seu nome seria comprada pelo grupo Franck Muller. E, face a desentendimentos, Martin Braun sairia da marca que fundou, deixando de poder usar o seu próprio nome. Mais tarde, fundaria a Antoine Martin. Mas isso são outras histórias...

Esta marca N. B. Yäeger, explicou-nos na altura o próprio Martin, significava "No Barriers Yäeger" e era uma homenagem ao piloto norte-americano que, em 1947, passou pela primeira vez a barreira do som, Charles Elwood "Chuck" Yeager. Nunca percebemos muito bem porque é que o nome não é exactamente escrito da mesma maneira, mas isso terá a ver com direitos, presumimos nós. Adiante!

Martin Braun sentia, há dez anos, a necessidade de ter uma linha desportiva e mais acessível, a par da marca Martin Braun, mais cara, e com complicações astronómicas. Lançada na Baselworld 2014, a NBY'' só teria relógios à venda em 2005, mas o que mostramos na imagem foi o primeiro a chegar a Portugal, há exactamente dez anos, e continua na nossa colecção.

Este NBY'' é um modelo Charlie - cronógrafo automático, com calibre Valjoux 7750. Caixa de 42 mm, estanque até 100 metros. A estética do mostrador é, quanto a nós, muito bem conseguida. Tem indicação de data e dia da semana, pequenos segundos às 9 horas e segundos do cronógrafo ao centro. Mas a grande particularidade será a de os sub-mostradores da função de cronógrafo, para os minutos e horas, às 12 e às 6, respectivamente, serem de uma linguagem gráfica semelhante à dos cockpits dos aviões - basta um semi-círculo com duas escalas, uma branca, outra azul, e um ponteiro de eixo central, também com as duas cores. Poupa-se espaço e não se perde em legibilidade. No verso, o NBY'' Charlie ostenta uma silhueta do avião experimental Bell X-1 com que "Chuck" Yeager ultrapassou Mach 1.

Julgávamos que a NBY'' tinha desaparecido, mas não. Hoje, intitula-se NBY'' International Aviation Watches e continua activa, com a mesma estética que o nosso amigo Martin Braun lhe deu... há uma década.

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No rescaldo da Baselworld 2004, escrevíamos, entre outros títulos, para a revista Internacional Horas & Relógios, o seguinte texto:

Martin Braun continua a inovar

A terra a girar à volta do sol

Há privilégios que não têm preço: quanto daria, hoje em dia, um amante da relojoaria mecânica por poder passar umas horas a conversar com Abraham-Louis Breguet, com LeRoy, com John Harrison? Para não recuar tão longe, para falar com um Piaget, um LeCoultre, um Adolphe Lange ou outro nome sagrado no panteão dos mestres relojoeiros de todos os tempos?

Pois, na actualidade, continua a haver um escol de inventores, de espírito indomável, visão atrevida, que bebe na tradição do passado e procura fazer avançar no futuro uma relojoaria mecânica que continua, apesar de tudo, a surpreender.

Ele é Frank Muller, F. P. Journe, Michel Parmigiani, Daniel Roth ou Gerald Genta. Mas também Martin Braun, o jovial alemão nascido e criado na “relojoeira” Floresta Negra, no seio de uma família de relojoeiros, e que em poucos anos conseguiu estabelecer a sua assinatura entre os criadores da passagem do século XX para o século XXI.

Líder de uma pequena empresa familiar (o pai, a mulher, os filhos ajudam em tudo…) a braços com uma crise de crescimento (aliou-se agora a outro independente, a Audemars Piguet, para a comercialização dos seus relógios na Ásia), Martin Braun trás todos os anos à feira de Basileia alguma coisa de surpreendente.

Desde há anos que a “marca” Martin Braun é aquele relógio com dois olhinhos, tão elegantemente dispostos no mostrador, e que resolvem de maneira mecânica o nascer e o pôr-do-sol afinados para o local do comprador. Ou a equação do tempo. Pois, este ano, mais uma vez no seu pequeno stand na secção dos independentes, já pequeno para receber retalhistas vindos de todas as partes do mundo, Martin tinha outra surpresa: com um sorriso gaiato, deixando transparecer uma alegria quase ingénua, ele mostrou-nos desta vez um relógio com o sol no centro do mostrador e a terra a girar à volta dele. Parece fácil, mas foram precisos anos e anos de cálculos para poder traduzir mecanicamente o movimento real do planeta, ao longo de um ano, em volta da estrela, com os seus equinócios e solstícios. Às seis horas, um disco com o signo zodiacal, indicando ao longo do ano o calendário para os mais supersticiosos. Uma “primeira mundial”, segundo garantem especialistas em história da relojoaria.

Mas Martin não consegue estar quieto, o seu cérebro fervilha de ideias. E, este ano, juntou mais uma marca à sua pequena empresa – um conceito completamente diferente, agora num relógio inspirado inteiramente nos instrumentos de aviação – e está assim lançado o primeiro modelo da NBY. Para quem viu, foi amor à primeira vista – um cronógrafo com um design espantosamente inovador, e a um preço muito competitivo. As novidades Martin Braun estarão dentro em breve no mercado português.

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