segunda-feira, 12 de maio de 2014

Meditações - O Tempo sou (me diz) eu despedaço os colossos, os mármores desfaço

De emaranhadas cãs o rosto cheio,
De açacalada fouce armado o braço,
Giganteia estatura, aspecto baço,
Um velho em sonhos vi, medonho e feio.
"Não tenhas, ó mortal, de mim receio;
O Tempo sou (me diz) eu despedaço
Os colossos, os mármores desfaço,
Prostro a vaidade, a formosura afeio.
Mas sabendo a razão de teus pesares,
Pela primeira vez enternecido,
A falar-te baixei dos tênues ares.
Sofre, por ora, o jugo de Cupido;
Que eu farei, quando menos o cuidares,
Que te escape Natércia do sentido."

Manuel Maria Barbosa du Bocage

3 comentários:

  1. Pode o tempo demorar
    a cumprir sua missão,
    mas não deixa de empunhar
    a sua foice na mão!

    JCN

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  2. Por que motivo teremos
    de o tempo representar
    como um velho que tememos
    e nos faz arrepiar?!

    JCN

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  3. Ante Bocage me agacho
    e lhe tiro o meu chapéu
    pois me encontro muito abaixo
    dos poemas que escreveu!

    JCN

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