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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Trânsito de Vénus de 5 para 6 de Junho não será visível em Portugal e fenómenos só se repetirá daqui a 105 anos

Fonte: NASA

Do Observatório Astronómico de Lisboa: No ano de 2012 haverá uma passagem de Vénus sobre o disco do Sol, de 5 para 6 de Junho. O fenómeno, conhecido por Trânsito de Vénus, poderá ser observado no leste da Ásia, leste da Austrália, noroeste da América do Norte, no Ártico, e no norte do Oceano Pacífico.

Em Portugal continental e Regiões Autónomas, o fenómeno ocorre quando o Sol já se encontra abaixo do horizonte.

Do Real Observatório Astronómico de Greenwich:

Transits take place only when Venus passes directly between the Earth and the Sun, appearing as tiny black dot against the bright solar disk. In previous centuries these rare events were used to make an accurate measure of the distance to the planets, giving astronomers their first inkling of the true mind-boggling scale of space. To mark this occasion the Royal Observatory, Greenwich will host a programme of activities from March to September 2012, with a new exhibition and a season of talks, special events and planetarium shows all asking the question: just how big is the Universe?

From Edmund Halley and Captain Cook, to Edwin Hubble and the Cosmic Microwave Background, the Royal Observatory will tell the stories of the people who measured the cosmos.

June 2012 will witness a transit of Venus, when for a few brief hours the planet will appear to cross the Sun's disk. This extremely rare astronomical event has an illustrious history: in 1769 a transit of Venus, observed by astronomers across the world, helped us to reliably determine for the first time the distance from the Earth to the Sun.

Martin Hendry, Professor of Gravitational Astrophysics and Cosmology at the University of Glasgow, will present a lecture that charts the story of how we measure this cosmic yardstick, and look ahead to the 2012 transit when he will coordinate observations of the transit by schools around the globe, re-enacting the famous experiment of 1769.

Celebrating the Transit of Venus, 5–6 June 2012, the Royal Observatory's Transit Season will highlight the Observatory's long history of observing past transits.

In previous centuries Transits of Venus were used to measure the scale of the solar system. Such transits occur in pairs, 8 years apart, each separated by over a century: after 2012 the next Transit of Venus will not be until December 2117.

The season is about the people, the telescopes and spacecraft which have extended our view of the Universe and allowed us to comprehend its immense scale. A story that has included figures such as Astronomer Royal Edmund Halley, King George III, Captain James Cook, the botanist Joseph Banks, astronomer Edwin Hubble and Turner Prize-winning artist Wolfgang Tillmans, in our quest to understand and measure the true size of the universe.

Sobre Trânsitos de Vénus passados, ler aqui. Sobre Trânsitos de Vénus em Portugal e a contribuição portuguesa para a observação universal de 1761, ler aqui.

Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia escreve assim sobre o trabalho de César Augusto de Campos Rodrigues para a observação dos Trânsitos de Vénus:

[...] um dos seus primeiros trabalhos dignos de nota foi o desenvolvimento de um aparato para efectuar fotografias sequenciais do trânsito de Vénus de 1874. Os astrónomos viam na medição deste fenómeno raro (que, geralmente, acontece aos pares, com um intervalo de oito anos entre cada trânsito, em períodos de 105,5 ou 121 anos) uma oportunidade para refinar o valor da paralaxe solar (o ângulo subtendido pelo raio equatorial terrestre no centro solar, à distância média Terra-Sol), um parâmetro essencial para a determinação de todas as restantes distâncias astronómicas, já que permite obter a distancia Terra-Sol. Apesar das aparatosas expedições organizadas no século XVIII para observar os trânsitos de Vénus de 1761 e 1769, os resultados foram grandemente comprometidos pela falta de uniformização de métodos e técnicas, pelo deficiente conhecimento das longitudes dos locais de observação, e pelas dificuldades inerentes à realização de observações astronómicas de precisão em estacões improvisadas. Os trânsitos de 9 de Dezembro de 1874 e 6 de Dezembro de 1882 eram especialmente apelativos porque se acreditava poder-se agora captar o fenómeno com grande exactidão através da aplicação de técnicas fotográficas. Vários aparatos foram concebidos nesse sentido, entre os quais o mais célebre é certamente o revólver fotográfico de Pierre Jules Janssen (1824-1907). Este género de dispositivos teria um significativo impacto cultural uma vez que a captação sequencial de imagens, sua função essencial, constituiu a base técnica para o desenvolvimento do cinema. No seu âmbito original, todavia, nem os revolveres nem os restantes aparatos e métodos fotográficos resolveriam o problema da determinação exacta da paralaxe solar, uma vez que também aqui surgiram as habituais disparidades metodológicas entre diferentes astrónomos e grupos, e a medição das chapas fotográficas era também afectada de erros subjectivos significativos. O dispositivo concebido por Rodrigues não chegou sequer a ser utilizado, pois os planos efectuados por F. A. Oom e João Brito Capello (1831-1901) para efectuar uma expedição a Macau não receberam a necessária aprovação parlamentar, com base em argumentos financeiros mas, muito provavelmente, devido a rivalidades latentes entre Lisboa e Coimbra, e a tentativa, da parte de F. A. Oom, de imprimir uma forte marca do OAL a iniciativa, de modo a consolidar o estatuto da instituição enquanto observatório nacional. Procurou-se ultrapassar estas dificuldades por ocasião do trânsito de 1882, através do envolvimento de António dos Santos Viegas (1835-1910), professor de Física em Coimbra, mas, por motivos que importa ainda clarificar, também esta expedição, destinada a Lourenço Marques, ficou sem efeito.

O próximo Trânsito de Vénus só ocorrerá dentro de 105 anos.

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